Reversed Mirror

De à sombra do futuro
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Reversed Mirror

Stefan Brüggemann


Ao inverter um espelho e colá-lo na parede, Stefan Brüggemann nos nega a possibilidade de refletir-nos neles, mas convida-nos a refletir sobre eles. Sobre a própria visão, já que a ausência de uma coisa nos faz pensar sobre ela; nesse caso, a falta da imagem refletida nos leva a refletir sobre a imagem. Sobre um mundo de reflexões e imagens especulares que não tem mais de seis milímetros de espessura.

Espelhos não são aparatos usados pelas pessoas somente para verem-se, mas também para ver o que encontra-se atrás delas (retrovisão). Se ingenuamente extrapolássemos essa constatação, seríamos levados a crer que, voltando o espelho para frente poderíamos “ver” o que está na nossa frente (previsão). Mas essa tentativa não seria somente frustrada, seria triplamente frustrada: não se veria o que está à frente, não se veria o que está atrás, não se refletiria nada.

De algum modo, Brüggemann evoca o que ocorre quando as coisas são viradas em direção ao futuro (o que está à frente) e não encararam o presente ou o passado (elas mesmas ou que está atrás delas). Sugere assim que as imagens fantásticas de futuros imaginários existem somente entre “o espelho e a parede” e não refletem nenhuma parte das realidades presentes ou passadas que poderiam condicioná-las.


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